A vida é boa com você

Muitos, muitos, muitos anos atrás, eu tive uma colega de trabalho que foi demitida e fiquei muito preocupada porque ela tinha uma criança pequena. Eu não sabia nada sobre maternidade e só consegui pensar na parte financeira. Na época eu gostava de passear no mercado e no shopping, ver Netflix e viajar no fim do ano. Quem ditava o ritmo da minha vida era eu mesma e meu trabalho. Minhas preocupações eram essencialmente materiais.

Apavorada, entrei no perfil dela nas redes sociais para ver como ela estava. Para minha surpresa, ela tinha postado uma foto feliz com marido e bebê e escrito: “A vida é boa com vocês!”. Passei anos pensando nessa história, sem entender como ela podia estar tão bem. Quem ia pagar a prestação da casa? Quem ia pagar isso, aquilo, aquele outro? Eu só conseguia pensar nisso. Obviamente, ela se virou e vida que segue. Inclusive teve outros filhos e ficou muito bem e mais feliz depois disso.

Hoje eu entendo perfeitamente. Longe de mim romantizar maternidade: eu sou a pessoa que eu conheço que mais foi afetada por ela. Fiquei tantos anos bagunçada e me sentindo inadequada e insuficiente, que justo agora que estou melhor, ironicamente surgiram várias questões sérias e novas para me tirar o sono. Pois acreditem: nos últimos meses estive tão preocupada com tantas coisas, que nem dormir eu consegui. Unhas nem tenho mais. 

Um dia eu simplesmente tive um clic: mesmo que aconteçam coisas inesperadas na minha vida, eu sempre terei a minha família, e principalmente, o meu filho. Se alguém me falasse que eu escreveria isso, eu duvidaria, mas aqui estou. É realmente o que eu sinto. Criar um ser humano bacana virou minha principal missão atual, mesmo tendo noção que filhos crescem e tocam suas vidas sozinhos. Sempre teremos uns aos outros e lembrar disso me deixa feliz. 

Até porque o ser humano é adaptável e eu sou prova disso.

Feliz 2025 para todos vocês. Mesmo para quem, como eu, sentiu muitos medos (velhos e novos) no ano que passou. Vamos em frente com medo mesmo!