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Livro: a chave de Sarah


16/set/2014 | Anielle Casagrande | # # # #

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Como sempre, vou contar a história deste livro cuidando para não contar demais, sem spoilers, juro. Ele sempre me chamou a atenção por causa do título e da sinopse, mas demorou anos para eu decidir comprá-lo. Isto se deve ao fato de eu morrer de medo de tudo que envolve o holocausto. Depois que visitei um campo de concentração perto de onde morei na Alemanha, nunca mais levei o assunto do mesmo jeito. Quando vejo pessoas brincando sobre isso tenho vontade de chorar.

Voltando ao livro: eu morria de medo da temática, mas acabei me deixando levar e comprei este livro no embalo junto de uma montanha de livros. Decidi lê-lo primeiro, por ser o mais longo: eu queria um livro de cabeceira que durasse alguns meses. Que erro! Comprei o livro no dia 29 de agosto e acabei de ler no dia 1. Isto mesmo, li 400 páginas em 4 dias. Acabei de ler precisamente às 4:50 da manhã de segunda-feira. Eu não conseguiria dormir enquanto não acabasse. Fiquei tão presa que carreguei ele na bolsa nesses quatro dias e li em todos lugares. No tennis, na banheira, na cama, no carro, no almoço, na frente da TV. E assim, em 4 dias, eu finalmente descobri seu desfecho. O caminho até lá foi muito envolvente e recomendo a leitura!

Lendo algumas resenhas na internet fiquei super desapontada com o tanto de pessoas que reclamam que este livro é muito “mulherzinha”. Este livro é sim um bocado feminino, mas eu gostei muito. Fazia anos que eu não lia 100 páginas por dia. A sinopse é aterrorizante mas também incrível. Em 1942, crianças judias são presas com seus pais em um estádio de ciclismo em Paris (o Vélodrome d’Hiver). Em seguida as crianças ficam sozinhas, sendo em seguida enviadas para Auschwitz sem os pais, que haviam ido dias antes. Claro que nada disso é ficção.

Já tratando da ficção, a parte que me prendeu é que uma menina, Sarah, havia prendido seu irmãozinho no armário de casa antes de ser levada para o estádio. Claro que ela não sabia que seria presa e não poderia voltar para casa, então o livro trata basicamente da luta de Sarah contra o tempo para fugir e voltar para casa libertar seu irmão. Intercalada com esta história, há a história de uma jornalista americana que mora em Paris nos dias de hoje e está pesquisando e escrevendo sobre a prisão destas 13 mil pessoas (sendo 4 mil crianças).

Como se não bastasse a história pesada e cativante por si só, há todo o envolvimento da jornalista com a história e o fato de que foram os próprios franceses que prenderam estas crianças e famílias no estádio. Os policiais, vizinhos e ônibus parisienses que antes eram familiares a elas, viraram parte do terror. O livro trata do passado e presente destas pessoas e seus descendentes. O engraçado é que poucas pessoas conhecem sobre esta parte do passado da França. Os poucos que conhecem acham que foram militares alemães que prenderam estas famílias ou acham que o número de presos não passou de duas mil pessoas.

Achei ótimo e recomendo. Uma leitura pesada, triste, porém cativante.

A chave de Sarah
Tatiana de Rosnay
Ponto de Leitura
400 páginas

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