Medianeras
Estou convencido de que as separações, os divórcios, a violência familiar, o excesso de canais a cabo, a falta de comunicação, a falta de desejo, a apatia, a depressão, o suicídio, as neuroses, os ataques de pânico, a obesidade, as contraturas, a inseguridade, a hipocondria, o estresse e o sedentarismo são responsabilidade dos arquitetos e da construção civil. Destes males, salvo o suicídio, padeço de todos.
Medianeras é um daqueles filmes que se você ainda não teve a oportunidade de ver, precisa reservar 95 minutinhos o quanto antes. Um filme argentino lindo, cheio de detalhes marcantes e uma história fabulosa. É na vida urbana que residem as belas metáforas deste filme. Na vida urbana que quanto mais migra para uma vida online, menos espaço tem para as relações pessoais. Cada vez há mais pessoas fechadas em seus minúsculos e escuros apartamentos, em seus computadores e celulares, e cada vez menos espaço para o amor. Parece piegas? Continue lendo.
O filme conta a história de duas pessoas, Mariana e Martin, que apesar de morarem na mesma rua, nunca se encontram. Martin fica isolado em sua quitinete, trabalhando em seu computador enquanto é atormentado por suas fobias. Mariana fica pensando na vida e em um namoro que não deu certo. O que liga ambos é uma revolta contra o sufocante espaço urbano, que os leva a quebrar suas medianeras (paredes vazias entre prédios vizinhos) para fazer janelas. Com suas novas janelas, o modo de ver a cidade e mesmo suas vidas mudam, os ambientes ficam mais claros, e de quebra somos agraciados com a bela cena de um vendo o outro, frente a frente, cada um em sua janela. E acreditem, esta é apenas uma das várias cenas de encher os olhos que este filme traz.
Paredes vazias aparentemente inúteis, que darão lugar a janelas, em um grande centro urbano. Se fosse só isto, já seria maravilhoso. Mas tem muito mais. As cenas são de uma sensibilidade extrema, os personagens são cativantes e os diálogos mais ainda. A narrativa nos leva a questionamentos sobre a cidade, o amor, os relacionamentos e a vida. Imperdível.
Tem alguma coisa mais frustante, em pleno século 21, que uma caixa de entrada vazia?
Gênero: Drama / Comédia. Duração: 95 min.
País: Argentina. Lançamento: 2011.
Direção: Gustavo Taretto. Roteiro: Gustavo Taretto
Elenco: Javier Drolas, Pilar López de Ayala, Inés Efron …