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Projeto humanos: os bastidores


13/set/2015 | Anielle Casagrande | # #

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Decidi contar um pouco para vocês sobre como foi a produção e lançamento do podcast Projeto Humanos. Este é o último projeto do Ivan Mizanzuk, meu marido, que é também o criador e host do Anticast. A ideia do podcast Projeto Humanos é contar histórias reais sobre pessoas reais, num modelo de storytelling que ficou muito famoso no mundo todo através do podcast americano investigativo Serial. Puxe uma cadeira, pegue um café e saiba mais sobre o meu ponto de vista sobre tudo isso: os bastidores!

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No começo deste ano que chegou pelos correios mais um microfone. Na verdade eu que comecei a chamar tudo relacionado a áudio de “mais um microfone”, de tantas coisas relacionadas ao Anticast que chegam nesta casa faz cinco anos. Desta vez era realmente um microfone, mas diferente de todos que já tivemos porque era um portátil. Última geração, o bichinho custou caro para caramba e tinha dois pequenos microfones, para entrevistas de rua pelo jeito. Achei aquilo muito legal e percebi que ia ficar engraçado fazer fotos fingindo que éramos uma dupla sertaneja. Que gracinha. Eu não sabia de nada que estava por vir. Toda semana o Ivan aparece com um, dois, três, quatro podcasts para gravar. Acabou que ele me disse que ia para São Paulo entrevistar uma sobrevivente do holocausto e me mostrou o livro dela, diário feito na época. Devorei o livro e até então não tinha entendido a grandiosidade de seus planos e da incrível história de Lili Jaffe.

Quando ele voltou de São Paulo ele me contou que foi uma conversa de três horas com Lili e suas filhas, sendo uma delas sua amiga. Ele me contou que ela tinha uma tatuagem de Auschwitz, que no bairro dela havia muitos judeus e outros pedaços picados da história. Perguntei se eu poderia ouvir a conversa e ele me disse que era melhor eu esperar sua edição, porque valeria a pena. Fiquei curiosa e não entendi, mas aceitei. Achei que ele iria apenas editar e lançar o bate-papo, como ele havia feito com os outros podcasts.

Nas férias dele, o Ivan passou semanas editando este programa. Como esta é sua rotina nas horas vagas faz anos, eu não me importei e nem percebi nada de diferente, tirando o fato que esta edição foi muito mais longa que as demais. Eu ainda não tinha entendido o que ele estava tramando, com uma narrativa especial, pontual edição e diversas pessoas envolvidas. Como ele sempre edita quando estou trabalhando ou dormindo, na verdade eu mal lembrei que ele estava enfiado nisso as férias todas.

Até que um dia ele me mandou um link pedindo para eu ouvir o áudio. Em muitos anos, esta foi a primeira vez que ele me deixou ouvir algum áudio antes do lançamento (isso porque ele não sabe que eu fico na porta ouvindo as gravações ao vivo às vezes). Eu estava no trabalho ouvindo minha playlist de pop alemão quando pausei e dei o play. Fiquei pasma ouvindo o primeiro episódio uma semana antes que todas as outras pessoas, como se eu tivesse acesso a um grande segredo. O que mais me surpreendeu foi a edição que ele fez, o jeito como ele montou a história intercalando os relatos e conseguiu enriquecer a história dos Jaffe. Sem falar na delicadeza que ele teve na hora de selecionar, naquele gravação de três horas, o que iria ao ar e o que não. Meu olhar ficou perdido e percebi que tinha diante de mim, ou de meus ouvidos, um pequeno tesouro. Sem fala que era um jeito de contar uma história totalmente novo. Para melhorar, era uma história muito especial, em todos sentidos, e ainda amparada por diversas pessoas e seus relatos. E era o meu marido que estava tramando e editando isto tudo sozinho “escondido” nas férias!

Depois do lançamento, fui a primeira a sair compartilhando e indicando o Projeto Humanos. Senti logo de cara seu potencial em tocar as pessoas com seu jeito humano de contar histórias, e talvez abrir os olhos sobre certas questões históricas e o sociais. De lá para cá, nunca mais escutei um arquivo antes de seu lançamento. Na verdade confesso que até gosto do suspense, da espera, de querer saber logo o próximo capítulo. O mais incrível é saber que tudo isso foi arquitetado e feito aqui na minha própria casa, seguindo uma estrutura rabiscada com giz nas paredes da biblioteca. smile

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Foto de uma sobrevivente em Dachau, quando visitei o campo.

Sobrevivente em Dachau quando visitei o campo.

http://projetohumanos.com.br

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