A adaptação é da criança

Essa semana me contaram uma história de uma escola aqui em Curitiba que só aceita adaptação escolar feita com a mãe. Não aceitam que outro cuidador participe no processo. É disso que a gente fala quando diz que a sociedade cobra muito das mães, e sim, só das mães. Eu nunca vi uma escola que exija adaptação feita apenas pelo pai, pra começar. É só mais uma das cargas que a mãe precisa carregar geralmente sozinha.

Aqui em casa a gente tentou todo tipo de adaptação, até começar a dar certo. Eu tentei, meu marido tentou, nós tentamos juntos. No fim meu marido perdeu quase dez dias de trabalho e não podia continuar tentando. Comigo, o bebê não descia sequer do colo e ficava esperneando. Sim, ele não descia no chão. Só queria colo e não parava de chorar. Foram momentos de muito nervosismo para mim e para ele. Foi quando alguém me disse que às vezes uma pessoa de fora consegue ajudar muito na adaptação escolar. Tem criança que se adapta bem, por exemplo, com um dos tios ou avós levando. 

Foi assim que tivemos a ideia de pedir para a Anna, nossa babá, única rede de apoio que temos no Brasil, nos ajudar. Deu certo já no primeiro dia. A gente se despede em casa, ele entra com ela no carro, passa a tarde brincando na escola e não tem mais choradeira. Quando volta, o reencontro é só alegria. A adaptação escolar não poderia estar sendo melhor do que isso. Meu coração finalmente ficou em paz vendo ele indo e vindo sorrindo, sem chorar. Comeu até cenoura e bolo de chocolate na escola semana passada. Sorte a desse bebê!

A adaptação escolar é da criança. Devemos sempre focar no bem-estar da criança. Quem precisa se adaptar à escola, professora, hora da soneca, lanches, brinquedos e colegas é apenas a criança. Quem está aprendendo a lidar com todas as novidades é a criança. Então nada mais justo do que oferecer tudo que pudermos para que a adaptação seja confortável para ela, e isso nem sempre vai envolver obrigatoriamente a presença da mãe.