A história do esmalte azul
27/jul/2023 | |
Eu entrei no grupo de grávidas britânico na semana que descobri a gravidez e foi a melhor coisa que eu fiz na vida. Foi lá que as grávidas começaram uma brincadeira de usar no parto o esmalte combinando com o gênero do bebê. Eu estava bem longe delas e tinha lá meus questionamentos sobre a brincadeira, mas resolvi participar.
Somos um casal muito mente aberta e entendemos que o bebê pode nascer menino mas não pertencer necessariamente a esse gênero. Essa brincadeira do esmalte inclusive tem um cunho muito heteronormativo: meninos usam azul e meninas usam rosa. Mesmo assim, entendi na época que um esmalte não seria uma ofensa ao bebê. Entendo que o azul, assim como o rosa, é só uma cor. Durante toda sua vida, ele usou muito mais rosa que azul, inclusive.
O problema é que depois de comprar o esmalte, eu comecei a ter dúvidas sobre quando eu deveria efetivamente usá-lo. No final da gravidez, a cada menor sinal de trabalho de parto lá ia eu passar o tal do esmalte azul calcinha. Era divertido, mas também me deixava ansiosa, porque nunca era realmente o trabalho de parto. Eu já estava enjoando daquela cor!
O tempo foi passando e nada. Fiz dois descolamentos, fiz todas as tradições do grupo britânico (achei até chá de flor de framboesa no mercado livre) e nada. Cheguei a comer um abacaxi inteiro. Mas simplesmente o bebê não estava pronto. Por fim chegamos a 41 semanas e foi marcada minha indução. Ufa! Finalmente eu pude passar o esmalte em paz, com a certeza de que ele cumpriria sua missão e seria a última vez que nos veríamos.
Que nada! Nos reencontramos sempre, quando olho as fotos do final da gravidez, do parto e dos primeiros dias do puerpério. E também teve ontem, quase 3 anos depois do meu parto, que eu estava com meu bebê na farmácia e flagrei (para minha grande surpresa!) ele brincando com o esmalte em uma enorme gôndola. Que loucura! Um inesperado reencontro com o tal do esmalte azul calcinha, cor baby, da marca drica, valor 1,99!