A ironia do uniforme
17/mar/2025 | |
Foi já no primeiro dia de aula que meu filho começou a perceber que todos na escola nova (e na sala dele) usavam uniforme. Como é opcional, achei que seria uma maioria sem uniforme. Mas não: meu filho era o único, e aparentemente ele percebeu. Morrendo de medo de ele se sentir diferente e inadequado, fui correndo no grupo de desapego no Whatsapp caçar peças de uniforme usadas (nem cogitei comprar novas, já que na minha cabeça ele não usaria), para ter em casa caso ele se interessasse. Assim que abrimos as sacolas no carro mesmo, ele começou a comemorar que agora ele também tinha “a roupa da escola nova”. Já no dia seguinte ele foi pra aula de uniforme. Eu nunca havia explicado que a escola tinha uniforme opcional nem o que era um uniforme; ele simplesmente viu todos usando e quis usar também.
Aí que está a grande ironia do uniforme. Grande, não, gigante! Quando eu estava visitando escolas, fiz questão de definir que ele não iria para escola com uniforme. Eu e meu marido concordamos que ele era muito apegado a suas roupas e queríamos deixá-lo livre para continuar escolhendo cada peça. Nós estudamos em escolas com uniforme e achávamos um porre. Ainda mais no caso de um menino cabeludo, cheio de personalidade e imaginação, que cada dia quer se vestir de um heroi diferente.
Desde o dia que as sacolas de uniforme chegaram, ele nunca mais foi pra escola com outra roupa. Inclusive, nos dias em que ficou doente em casa, ele quis usar o uniforme para ficar deitado no sofá fritando de febre, já pronto e na esperança que eu liberasse ele pra ir pra aula. Fico lembrando de tanta escola que simplesmente risquei da lista porque nunca desejei esse negócio de uniforme para ele. No fim, ele acabou numa escola onde o uniforme é opcional e ele é livre para escolher como vai se vestir: era exatamente isso que queríamos para ele, poder escolher… só não pensamos que ele poderia acabar escolhendo justamente o tal do uniforme!
É cada cuspe pra cima na cara da mãe…
