A montanha-russa dos primeiros 12 meses

Quando meu filho era bem pequeno, fiz um texto falando que ele era um bebê bonzinho. Ele dormia fácil, mamava tranquilo e ficava calmo no carro e no banho. Era realmente uma criança fácil de cuidar. Uma amiga me alertou para não comemorar, afinal eles mudam muito de um mês pro outro (e até de uma semana pra outra) até completar um ano. Dei risada e repeti que tinha tirado a sorte grande: Nicolas era um bebê bonzinho. Semanas depois ele passou a dormir mal, gritar no carro, mamar berrando.

O bebê pequeno tem um potencial mutante enorme. São vários bebês diferentes num só, eu costumo dizer. Numa semana você está comemorando que ele dorme cedo, muito e bem, e dorme facilmente sendo ninado. Dias depois ele dorme tarde, mal e pouco, e só dorme depois de meia hora de cantoria. Parece até outra criança. Você leva um susto e não entende o que aconteceu: será que é cólica ou dente? Os dias vão passando e surge um novo padrão. E depois outro. E ainda outro. E é assim mesmo, basta conversar com outros pais para entender que essa montanha-russa é o normal de 0 a 12 meses.

Mas como cansa! Lembro da frustração ao me deparar com tanta mudança. Parou de comer ovo, de novo. Voltou a dormir tarde, de novo. Voltou a chorar no carro, de novo. Agora só dorme mamando, de novo. Quando a gente acha que já conhece todas as manias do bebê e as regras do jogo, as regras parecem mudar a todo instante e isso causa uma baita frustração. Talvez essa inconstância seja a parte mais difícil de cuidar de um bebê pequeno. Nada que achamos saber sobre nossos filhos parece fazer sentido a longo prazo. 

Mas calma, calma que as coisas tendem a melhorar. Hoje meu bebê tem 22 meses. Continua uma montanha-russa, cada madrugada e hora do almoço é uma surpresa, mas já está bem melhor que seu primeiro ano. Até porque agora ele já sabe dizer “não” e “quero”, então não me sinto mais tentando agradar alguém que sequer sabe responder se está se sentindo agradado ou não.