Amo amamentar, mas…

Não gosto das fissuras, inflamações, infecções, mordidas, arranhões, chutes e pontapés. Não gosto de sentir culpa por querer sair pra tomar um café num lugar bacana à tarde e saber que ele ficará em casa com saudades do meu peito. Não gosto de não poder jantar fora sem ele porque ele só se acalma mamando nos despertares noturnos. Não gosto de ficar um tempão mexendo no armário até achar uma roupa que dê fácil acesso aos peitos. Não gosto de não poder usar a maior parte do meu guarda-roupa. Não gosto de ter hiperlactação e leite jorrando a maior parte do dia e sujando meu corpo e minha roupa. Não gosto das poças de leite no lençol toda noite. Não gosto de viver com cheiro de leite azedo. Não gosto de oferecer o seio quando estou machucada. Não gosto de acordar de madrugada para amamentar, apesar de fazer isso toda noite. Não gosto de gente me olhando torto por amamentar em público, mas continuo amamentando sempre que ele pedir. Não gosto de sentir que sou a única ainda amamentando após quase 2 anos. Não gosto de gente me falando que o leite “virou água”, o que não faz nem sentido, ou gente falando para eu amamentar menos ou que ele já está grande para mamar ainda. Não gosto de precisar fazer ordenha manual durante o banho. Não gosto de ter que fazer ordenhas com a bombinha durante viagens. Não gosto de viver com a blusa molhada de leite. Não gosto dos dutos entupidos um atrás do outro. Não gosto de sentir os peitos cheios e doendo. Não gosto de usar sutiã quando estou com dor. Não gosto de me sentir ridícula sem sutiã. Não gosto do jeito que me olham quando estou sem sutiã ou com a roupa suja de leite. Não gosto também de estar na quinta semana de candidíase mamária.

Já a lista de motivos para eu amar amamentar é muito maior que essa acima e é por isso que eu sigo em frente já faz quase dois anos.