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Aprendendo a contar


09/fev/2023 | Anielle Casagrande |

Estávamos na livraria com o bebê antes de ontem quando ele começou a contar: um, dois, três, quatro, cinco, seis… Eu nem sabia que ele sabia contar e fiquei emocionada. Acontece que ele viu uma amarelinha no chão da livraria e resolveu ler em voz alta os números, mas eu não tinha nem ideia que ele sabia! Eu nunca tinha visto ele contando antes. Para mim, ele só conhecia o número oito. E era sempre uma alegria quando ele encontrava o tal do número oito em algum lugar e ficava repetindo igual um louco: oto, oto, oto. 

Então é isso, o bebê está aprendendo a contar e eu nem tinha percebido. Na verdade me pareceu até que ele já sabe, só está praticando pronunciar melhor cada número. O engraçado disso tudo? É que eu, a pior aluna do mundo, também estou aprendendo a contar, mas em russo. Faço aulas de russo com professora russa há mais de um ano e nunca parei um tempinho pra me dedicar a aprender a contar direito. Aprendi só do 1 ao 6 se parei ali, porque nunca percebi que tinha muita necessidade.

Nas últimas aulas percebi que isso começou a me irritar. Não conseguia me comunicar como queria, sem saber os números. Não conseguia falar as horas, preços das coisas, quantidades. A comunicação ficava truncada. Se precisava dizer “8 tomates”, dizia “muitos” tomates. Acordei que horas? Acordei “cedo”, pra não dizer “oito”. Percebi ao ver o Nico tentando contar, que definitivamente não dava mais pra ficar assim, sem saber os números nas aulas de russo. 

Comecei a perceber que eu e Nico estamos na mesma: entendo perfeitamente o que ele sente sem saber falar certinho os números e o português em geral. Sem saber bem uma língua, e isso inclui os números, a comunicação não é tão boa. As pessoas não entendem exatamente o que queremos falar, e a gente se expressa pela metade. O jeito pra mim é começar a praticar, exatamente igual Nico anda fazendo. Então aproveitei para olhar de perto a amarelinha, dei uns pulos pra mostrar pro Nico como brinca, ele foi pulando atrás, e contei mentalmente, me esforçando pra lembrar e memorizar finalmente, em russo: um, dois, três, quatro, cinco, enquanto ele contava bem alto: um, do, trê, cato, cico… 


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