Autista como eu

Quando comentei que tinha marcado psiquiatra para meu filho, algumas pessoas me olharam incrédulas e logo questionaram o porquê. Me disseram que não tinha nada de errado com ele. Me julgaram rapidamente uma mãe preocupada demais e sem motivo. A verdade é que nem todas as pessoas sabem que eu mesma sou autista e tenho uma psiquiatra especialista em autismo. E foi essa psiquiatra que me pediu pra marcar uma consulta para ele com uma colega sua especialista em infância e adolescência. Até porque autismo é genético em 90% dos casos.

Se eu acho que ele é autista? Sim. Não é uma certeza médica com direito a laudo e tudo mais. Mas é um sentimento de mãe e pessoa com autismo. Eu vejo nele tudo que me sensibiliza como pessoa autista. Ele tem só dois anos, mas quando olho pra ele eu me enxergo como criança autista e como pessoa autista. Não tem nenhuma esquisitice do meu filho que eu também não tenha tido na minha vida. Somos mais parecidos do que qualquer pessoa jamais saberá. Acolho com amor e carinho todos seus pequenos detalhes, como gostaria que acolhessem os meus. 

Quem não é autista não entende e nunca entenderá como é, para mim, olhar para ele e enxergar eu mesma. Não acho estranha nenhuma de suas sensibilidades. Meu filho não me é estranho ou incomum. Sequer sei se ele realmente receberá o diagnóstico de autismo, mas já sei que somos muito parecidos. Ou seja, antes de qualquer diagnóstico ele já tem meu acolhimento e compreensão.

Então quando alguém me fala que ele não parece autista, que estou errada em levar ele num psiquiatra a pedido da minha própria psiquiatra, só resta dizer que não tem problema algum se ele for autista. Até porque se ele for mesmo, ele será autista como eu.