Bebêcentrismo
17/dez/2022 | |
Logo que meu bebê nasceu, comecei a tomar todas as decisões da minha vida pensando nele. Parei até de ver os filmes que eu gostava e ouvir minhas músicas favoritas. Passei a ir só em lugar que fosse legal pra ele, ou seja, fiquei mais de um ano sem jantar fora onde eu realmente queria ir. Nunca nem pensei muito sobre isso. Agora eu era mãe e me cancelar fazia parte.
Durou mais de um ano até eu perceber que nem todo mundo era bebêcentrista (inventei agora: é quem coloca o bebê no centro de tudo) como eu. Conheci uma mãe que levava o bebê com poucos meses de vida no bebê conforto até o barzinho favorito. Tá certa ela, hoje eu penso. Conheci mães que à noite chegavam cansadas do trabalho e ligavam na novela ou no jornal, e o bebê não era o dono da televisão. Mais uma vez, acho que está pra lá de certa. Faz dois anos que não vejo os programas que eu gosto.
Conheci mães que deixavam o bebê com babá e jantavam fora toda semana com o marido ou as amigas. Certíssimas. Conheci mães que abriram mão de ficar em casa com os filhos porque preferiam mil vezes trabalhar fora. E tá errado? Tá nada. Conheci também uma mãe que deixou o filho com a avó no fim de semana e foi viajar. Fiquei perplexa, porque nunca nem pensei em viajar sem meu filho. Já pensou! Parece libertador.
Todas essas mães me deram um fortíssimo e necessário choque de realidade, porque eu sou extremamente focada no meu filho. E olha só: percebi que preciso olhar um pouco mais pra mim. Não tem certo nem errado no maternar, mas com certeza olhar mais pra si mesma só tem benefícios. Até para a criança entender que a mãe também é uma pessoa que tem seus hobbies, precisa de lazer, tem amigos e faz outras coisas além de ser mãe.