Brincando errado

Estávamos na pracinha quando vi uma criança brincando com a pá e a areia diferente do “esperado” (com muitas aspas) e os pais começaram a corrigir e dizer qual era a forma certa de brincar. Mas você já parou pra pensar que não tem forma certa nem errada? Ainda mais falando de criança pequena, que está descobrindo o mundo e cada objeto nele.

Meu bebê gosta de usar a vassourinha embaixo das pernas e sair correndo imitando uma bruxa. Também gosta de colocar a câmera e os binóculos ao contrário nos olhos e de encher a caçamba do caminhão de brinquedo com coisas que não sejam areia. No skate não anda só ele: já andaram diversos brinquedos. No cavalinho então, já andaram todos os seus brinquedos. Até o caminhão já andou de cavalinho.

Mais curioso é ver as brincadeiras que ele faz na areia. Ele inventa novos usos para todos os brinquedos! E interações mais malucas ainda entre eles. A criatividade e curiosidade dos bebês sempre me impressionam. Absolutamente nenhum brinquedo tem uma única forma de ser brincado e tudo pode ser enterrado, incluindo as pás e os caminhões. Para os adultos não faz muito sentido, com certeza. A pá só serve pra levar areia e ponto final. Imaginem meu susto quando vi ele enchendo a pá com pedras.

Como eu nunca tinha sido mãe nem convivido com um bebê antes, gosto de observar com curiosidade tudo que ele faz. No começo achei estranho ele enfiando colheres pelos buracos do cubo de encaixar formas. Depois entendi que todas as experiências são parte do seu desenvolvimento. Ele não nasceu sabendo sobre espaços, formas, tamanhos, volumes, texturas, pesos. Ele precisa testar tudo que passa ou não pelo buraco. Da mesma forma que ele gostava de apontar a mangueira para todos objetos no jardim quando era menor.

A vontade é dizer que não pode, que o lugar da mangueira é dentro da piscininha ou do balde. Mas que mal tem deixar ele testar por alguns minutos o efeito da água em objetos diferentes? Vocês tinham que ver a carinha dele quando viu a terra ficando molhada e formando uma poça ou quando ele me viu gritando de susto após molhar os meus pés.