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“Cadê a mãe dessa criança?”


28/jan/2023 | Anielle Casagrande |

Estávamos num belíssimo restaurante numa fazenda no fim de semana, onde as mesas eram dispostas ao redor de um parquinho muito legal, muito mesmo, com casinhas que se interligavam por pontes e cheias de escorregadores de todo tipo e tamanho. As crianças maiores brincavam livremente enquanto as menores eram acompanhadas pelos pais. 

Estava de mãos dadas com meu bebê enquanto ele subia as escadas quando uma criança de uns 4 anos caiu de cara no chão enquanto trepava em uma mureta. Meu primeiro reflexo foi me aproximar e ver se estava tudo bem. Depois dei um grito: “cadê a mãe dessa criança?”. Meu marido me olhou incrédulo e disse que essa não era uma coisa muito bacana para se dizer.

Primeiro, que a primeira frase que veio na minha cabeça dá a entender que a mãe deveria estar ali grudada na criança o tempo todo, o que é um erro, até porque sua mesa era bem perto no parquinho. Segundo, que vem carregada de machismo, quando pergunta onde está a mãe e não pergunta onde está o pai. Só a mãe é responsável pela criança? Voltamos ao século passado? Terceiro, que imite uma culpa enorme pela criança ter caído porque estava sem a mãe. Só aumentando a maldita culpa materna que já persegue todas nós antes mesmo do parto. Deixa essa mãe comer uma costela e tomar sua cervejinha com o marido em paz, foi só um pequeno acidente.

Se fosse pra perguntar alguma coisa, o melhor seria: onde estão seus pais? E esperar a própria criança apontar. E foi isso que eu fiz, e deu bem certo. Logo ele estava com o rostinho limpo correndo novamente pelo parquinho sozinho enquanto os pais almoçavam.


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