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Chatinhos somos nós


25/out/2021 | Anielle Casagrande |

Meu bebê estava meio doentinho, meio choroso, meio manhoso por causa de uma dor de ouvido mal diagnosticada. Mesmo depois de medicado passava os dias brincando mas às vezes dava uma choradinha e ganhava um monte de abraços e passeios. Mas eu já estava começando a me incomodar com os vizinhos, seja dentro de casa, seja andando lá fora, por causa da choradeira repentina. 

Eis que cruzei com um vizinho e já fui me desculpando: é que ele está chatinho hoje, falei antes que ele dissesse qualquer coisa. Foi só o que eu disse, no auge do meu desconforto. E o vizinho pra minha sorte foi super compreensivo, até demais, quando respondeu que chatinhos somos nós, os adultos. Bebês são apenas autênticos, ele complementou. 

Não fosse a fala do vizinho, estaria preocupada até agora com o que as pessoas pensam do meu bebê chorando. Como se ele não tivesse o direito de ser autêntico sobre seus sentimentos e sua dorzinha de ouvido e simplesmente demonstrar através do choro. Como é fácil para nós, adultos, esconder o choro e a dor. Como normalizamos o fingimento e nos preocupamos em não aborrecer nenhuma pessoa por perto com o choro.

Depois disso comecei a olhar de outra forma para o choro do meu bebê. Eu sei que o choro é seu principal meio de comunicação, mas até esse episódio com o vizinho, eu não tinha entendido ainda sua real importância. Ainda ligava o choro ao desespero, ao imediatismo, à fragilidade, e esquecia que choro também é “estou chateado”, “estou com dor” e dependendo até “estou enteadiado”. Pode chorar, meu amor, que eu vou estar aqui para te consolar e ninguém que escutar seu choro terá dúvidas que está sendo muito bem cuidado smile


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