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De mãe para mãe


03/mar/2023 | Anielle Casagrande |

Uma das primeiras vezes que me lembro de ter amamentado em público foi quando meu bebê já tinha um aninho. Não tenho vergonha de amamentar, nunca tive. Mas levou um ano porque passei a gravidez e o primeiro ano inteiro do meu bebê fechada em casa por causa da pandemia. Voltar a sair de casa após dois anos foi maravilhoso. Ver gente, cachorros, grama, vento no rosto… 

Ele pediu pra mamar numa das nossas primeiras vezes na pracinha. Lembro que me sentei na grama com ele no colo, pus ele pra mamar e fiquei curiosa para ver como as pessoas iam reagir. Sempre li histórias de mães sendo hostilizadas ou recebendo olhares, então fiquei um pouco preocupada. Nada disso aconteceu. Na verdade, até ele ter dois anos e virar uma “criança muito grande pra mamar”, ninguém nunca sequer nos olhou torto em lugar algum. Já mamamos no mercado, na farmácia, no shopping, no parquinho, no restaurante, na piscina, em todo canto.

Nesse dia em especial me lembro que a praça estava cheia de cachorros de todos os tamanhos e crianças correndo entre eles. Enquanto eu observava tudo preocupada com a reação das pessoas, uma mulher sentou do meu lado. Ela era bem mais velha e tinha um cachorro muito grande. Fiquei me perguntando por que raios ela sentou do meu lado enquanto eu amamentava? Sequer com meu cachorro eu estava. 

Conversa vai, conversa vem, descobri que o que os unia era o fato de ela também ser mãe. Diferente de mim, no meu primeiro ano como mãe, ela já estava no cargo fazia quase 20 anos. Hoje acho que ela percebeu que eu estava assustada e desajeitada, amamentando no chão e em público, e quis me fazer companhia. Uma companhia assim, de mãe para mãe.  


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