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Desromantizando a maternidade


08/nov/2021 | Anielle Casagrande |

Esses dias vi uma mãe instagrammer que eu gosto muito falando que mães são pessoas muito fortes, que resistem a tudo, que somos todas super mães etc. E aquilo me deixou chateada. Entendo que ela quer dizer que a maioria das mães aguenta mais do que deveria e geralmente com pouca ajuda. Mas o que me preocupa é pensar nas outras mães, nas que não aguentam, lendo isso que ela escreveu. E como fica a mãe que não é super mãe quando lê isso? Não gosto dessa mania de romantizarem a maternidade.

Eu mesma não sou nenhuma super mãe. Estou tentando fazer o melhor que posso o tempo todo, desde a gravidez, mas tenho um milhão de falhas e cometo um monte de erros. Meu bebê ficou doente por mais tempo que deveria até eu perceber que era caso de pronto socorro. Meu bebê bateu a testa, a boca, o braço, o cotovelo… meu bebê não come tudo que eu preparo. Meu bebê às vezes fica mais tempo sujo do que deveria. Uma mãe que nitidamente não é super mãe: eu. 

Sem falar que eu não sou essa mãe que “aguenta tudo” também. Tanto não aguento tudo e posso sim falhar ou quebrar às vezes que tive uma depressão perinatal no oitavo mês da gravidez, que se arrastou por alguns meses. Passei todos esses meses sentindo coisas que não desejo a ninguém e com uma série de dificuldades no meu maternar. Acabou que tomo remédio até hoje por medo de sentir tudo aquilo de novo. Uma mãe que nitidamente não aguenta tudo: eu. 

Escrevo na esperança de acalmar os corações das demais mães que não são super mães e que podem sim falhar. Está tudo bem conosco e não tem problema quebrar de vez em quando. O importante é juntar os pedacinhos e seguir em frente.


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