Dia dos pais é só hoje mesmo

Foi lindo de ver! O parque estava cheio de crianças com seus pais. A praça então, abarrotada de homens. Até nos stories do Instagram lá estavam eles aos montes. O problema é que foi só hoje mesmo. Bem diferente do que eu vejo nas praças, nos parques, no teatro, nas lojas de criança, na sala de espera da pediatra, no postinho e nos stories quando não é dia dos pais. Em todos os outros dias do ano o que vejo são mães sozinhas com suas crias, tanto no cuidado quanto no lazer. 

Os homens trabalham o dia todo, alguém diria, estão cansados. As mulheres também, eu respondo. E mesmo assim são sempre elas que estão nas praças com seus filhos. Ou levando ao pediatra. Ou comprando roupa. Ou marcando dentista. Ou pesquisando escola. Ou lendo sobre seletividade alimentar e psicologia infantil. Ou levando vacinar porque tá tendo campanha contra a poliomielite. Os pais sequer da campanha estão sabendo. 

Divisão de tarefas? O que mais vejo é sobrecarga e quem se ferra sozinha é sempre a mesma pessoa em quase todas as famílias. Para alguém poder manter a rotina igual era antes dos filhos, alguém precisa dar banho e pôr os filhos pra dormir sozinha. E claro, também cuidar de madrugada. Nem quando os filhos estão doentes elas têm suporte de quem deveria dividir os cuidados.

“Mas aqui em casa é diferente” você me diz. Que ótimo. Aqui também é. Mas a gente sabe muito bem que a maioria dos pais nem o número do sapato do filho ou telefone da pediatra sabe. Então todo esse festival de dia dos pais, sendo o único dia do ano em que homens lotam as os ambientes com seus filhos, me deixa um pouco chateada, sim. Porque sei que amanhã não vai ter nenhum homem com seu bebê no postinho quando eu for, e se tiver 2 na praça a noite será um milagre.