Dividindo os cuidados com o bebê
28/jan/2023 | |
Comecei a listar tudo que meu marido disse que fiz errado com nosso bebê no fim de semana e fiquei apavorada. Será que eu era tão ruim assim? Ele comentou por exemplo sobre o jeito que eu dava banho no bebê (brincava muito pouco e preferia ficar assistindo ele brincar) e fazia ele dormir (gostava de cantar e não de ninar). A lista era grande e ele começou a dizer como ele faria tudo diferente. Ele não estava de forma alguma me criticando, e sim dando dicas, mas eu fiquei me perguntando se estava fazendo tudo errado.
Geralmente a pessoa que assume a maioria dos cuidados com os filhos, culturalmente e até por causa da licença paternidade ridícula que temos hoje no Brasil, é a mãe. Então geralmente quem tem a lista de “erros” do parceiro na ponta da língua é a mãe. Daí vem a cena clássica do homem que vai tentar fazer o bebê dormir, é metralhado com críticas e acaba desistindo. Admite que não consegue fazer do jeito que a mulher quer, que ela leva mais jeito mesmo e fim de papo. A mulher pra variar acaba sobrecarregada. Só ela sabe dar banho, só ela sabe fazer dormir, só ela sabe cozinhar.
Cada pessoa vai acabar por desenvolver seu jeito de lidar com o bebê. O que funciona pra um não vai necessariamente funcionar pro outro. Até porque nem todo mundo gosta de cantar ou ninar. Cada pessoa vai descobrir com o convívio o que funciona melhor para si. E falo realmente de qualquer pessoa e não apenas os pais, por exemplo uma babá no fim de semana, a avó, a professora na escola. Sem falar que essa variedade de colos é ótima pro bebê, que vai aprendendo que pode dormir de várias formas, tomar banho, brincar, comer etc.
Então vamos tomar cuidado com isso e não tentar dominar todos os cuidados com nossos filhos, para deixar espaço para outras pessoas criarem suas próprias formas de interagir com eles. Talvez o pai demore mais tempo para fazer a criança dormir, mas descubra que lendo um livro e deitando com a criança na penumbra funciona. Talvez a professora da escola surpreenda a todos fazendo essa mesma criança dormir numa rede. E assim os cuidados vão se dividindo e todo mundo sai ganhando.