É um bebê ou uma britadeira?

Nunca falei sobre isso aqui antes, mas estava pensando hoje cedo e julguei que era importante. Antes do meu filho ter seu diagnóstico de autismo, levei ele em um pediatra que me foi muito recomendado para bebês autistas. Como sou autista e é um transtorno genético, achei que seria importante. Mas eu estava tremendamente enganada. 

Primeiro, o médico ficou falando que autismo é doença. Como vocês devem saber, isso não é verdade. Autismo é na verdade um transtorno do Neurodesenvolvimento. Como não é doença, não tem cura. O que é certo é tratar sintomas e comorbidades, mas não esperar que uma pessoa se cure do autismo, já que ela já nasceu assim.

Segundo, que ele me indicou todo tipo de pseudociência para “tratar” meu bebê. Quando questionei sobre as evidências científicas, ele disse que o autismo é na verdade quando o corpo vibra numa frequência errada, e é preciso fazer vibrar de forma correta para tratar. Olha, nem sei como expressar o que senti nesse momento. É puro charlatanismo. Além de vender uma falsa ideia de cura, pode colocar bebês em risco, já que não tem ninguém para fiscalizar o que é feito nessas “terapias” nem sabemos quem as aplica. Não foram citadas na consulta psiquiatra da infância, neuropediatra, psicóloga, terapia ocupacional, fonoaudióloga, nutricionista. 

Uma coisa que tenho certeza é que esse foi apenas o primeiro de muitos contatos que ainda terei com profissionais ruins quando o assunto é autismo. A caminhada será longa e árdua, já fui bem avisada por outras mães. Mas confesso que achei que levaria uns anos pra isso começar a acontecer conosco, já que nem diagnóstico o Nicolas tinha quando fomos nesse péssimo pediatra.