Enquanto o bebê mama

Enquanto o bebê mama eu enfio meu nariz em seus cabelos e sinto seu cheirinho. Se for antes de dormir, de madrugada ou de manhã tem ainda cheirinho de shampoo e banho tomado. Se for à tarde e à noite, é só aquele cheirinho de suor de quem correu e pulou o dia todo. Esses são os cheiros de sua cabeleira dourada no decorrer do dia.

Se está mamando na cama, a gente se abraça e fica assim, agarradinho. Suas perninhas encostadas nas minhas, minha mão nas suas costas ou acariciando seu bracinho. Ele geralmente fica quietinho e às vezes até dorme. Essa é a minha mamada favorita com certeza. Sinto que ele está calmo, feliz, e ficando com soninho. Gosto de abraçar bem forte e encher de beijos na cabeleira.

Se estamos na poltrona ou no sofá é a verdadeira dança do tetê: já faz uns meses que não consegue mais mamar quieto. Sempre gosta de ficar pulando, dançando, e até de quatro ou em pé. Levo arranhão, chute, pontapé, cotovelada e beliscão. Ah e também tem as mordidas. Afinal ele quer mamar mas também quer falar, girar, rodopiar, olhar os cachorros. Parece um ringue de luta onde eu sempre perco. Mas seguimos em frente e mesmo assim tento cheirar seus cabelos e fazer algum tipo de carinho.

Também acontece o mamá surpresa às vezes. Num banco de praça, onde ele mais olha os pombos do que mama. No gramado de casa, onde ele mais olha as borboletas do que mama. No restaurante, onde ele mais brinca com a comida do que mama. Na casa da bisa, onde ele gosta de mamar de pé e falar ao mesmo tempo! 

Seja como for e onde for, eu acho muito especial a nossa jornada de 17 meses de amamentação. É um momento que dedico apenas ao bebê e a alimentá-lo literalmente com meu corpo. É um momento só nosso, que ninguém sabe como é além de nós dois. Um momento especial apesar dos pontapés, juro pra vocês.