Era uma casa bem fechada

Quinta-feira cheguei para pegar meu filho na escola e a professora comentou que ensinou para a turma a música da Casa bem fechada e que ele tinha adorado e sabia cantar e fazer até os gestos sozinho. Fiquei surpresa, porque é bem raro ele cantar e eu nunca vi ele fazendo gestos. Chegando em casa fomos procurar a letra da música, e para minha surpresa foi bem difícil achar alguma coisa sobre ela. 

Na hora de dormir, estávamos passando creme em seu corpo quando ele começou a cantar e fazer os gestos sozinho, deitado na cama. Por sorte eu estava com o celular em mãos e consegui filmar, porque confesso que nem eu mesma acreditaria se alguém me contasse que ele era capaz de cantar uma música inteira e ainda fazer gestos. Depois, olhando o vídeo, consegui até legendar e perceber que ele cantou bem certinho, na sua própria linguagem.

Tem um vídeo dele cantando em abril, em que tudo que ele consegue cantar é o “shh” da música da coruja que faz shh. Na época fiquei maravilhada e filmei, incrédula, afinal ele estava cantando e dançando. Pode não parecer nada para você, mas para nós significa muito, já que em janeiro descobrimos em sua primeira consulta com a psiquiatra que ele tinha um importante atraso de fala. Ele não formava frases e falava pouquíssimas palavras, com 2 anos e 2 meses. Tem um vídeo de fevereiro em que ele passa um minuto inteiro falando só linguagem de bebê: gugu, dada, gol, neném. Pula para setembro e temos esse vídeo lindo dele cantando a música da Casa bem fechada sozinho. 

Ainda lembro quando tive meu diagnóstico, quando ele tinha um ano, e comecei a me preocupar se ele também teria um diagnóstico. Nunca desconfiei de seu atraso de fala até a consulta com a psiquiatra, mas tive sim muitos medos, como ter um filho não-verbal. De qualquer forma, autista ou não, verbal ou não, eu sabia que estaria sempre ao seu lado, e aqui estou, inclusive hoje foi dia de terapia ocupacional.