Escolas pequenas
31/jul/2024 | |
Publicado originalmente em outubro de 2023.
Durante toda minha vida estudei em escolas grandes e famosas. Teoricamente elas são as melhores em diversos aspectos, certo? O ensino é excelente, tem bastante árvore, tem diversas quadras, já prepara para o vestibular… mas como ficam as crianças neurodivergentes, ou seja, que têm um funcionamento cerebral diferente do padrão?
Minhas lembranças escolares são de muito sofrimento. Sofri bullying em todas, desde o berçário. Lembro de chorar muitas vezes durante o recreio todo e ninguém ver nem sentir minha falta na sala de aula. Lembro também de passar o recreio correndo em círculos sozinha e ninguém perguntar se estava tudo bem. Nessas escolas grandes só a minha professora me conhecia, e ninguém se importava com uma criança esquisita sem diagnóstico.
É por isso que quando fui procurar escola para meu bebê, fui direto nas pequenas e menos tradicionais. Escolas com poucos alunos, onde todos se conhecem. Onde o porteiro, cozinheira, a secretária e a diretora sabem seu nome. Onde sei que ele jamais ficará chorando sozinho no recreio. Sim, essas eram minhas preocupações como mãe autista.
Curiosamente, já ouvi de outras mães que as escolas grandes hoje têm sim algumas vantagens que eu nem imaginava. Algumas têm, por exemplo, muita preocupação com Neurodivergência. Têm também mais cuidados e mais experiência com bullying. Têm até um olhar mais afetuoso com crianças “fora do comum” e avisam os pais quando desconfiam de alguma condição.
De qualquer forma, enquanto ele ainda é pequeno, estou bem feliz com a escola pequena. Talvez minha opinião mude se ele realmente tiver algum diagnóstico e precise de um olhar pedagógico mais cuidadoso no ensino fundamental, mas ainda não estou pensando nisso. Minha prioridade no momento é que ele tenha árvores pra subir, lama pra pular, folhas e flores pra colher.