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Grávida em 2020


11/ago/2022 | Anielle Casagrande | # #

Engravidei bem no comecinho da pandemia e tive meu bebê antes de qualquer previsão de início da vacinação. Pra quem não lembra: o primeiro caso de covid no brasil foi em fevereiro de 2020 e a primeira vacina foi em janeiro de 2021. Foram os piores meses de pandemia, sem saber o que estava acontecendo, o que ia acontecer, quando ia chegar a vacina, quais as formas de contágio, vendo os números de casos ativos e de mortes subindo muito rapidamente e pior, morando no país líder em morte materna no mundo. 

Quem teve bebê antes ou depois disso não sabe o terror que nós, as grávidas de 2020, passamos. Sou do grupo que se fechou em casa: fiquei sem sair por praticamente dois anos. Então não conheci outras mães, nem estive em grupos para grávida, nem pude fazer yoga, pilates, festas e sessões de fotos como todo mundo. Também não fui às lojas de bebê até meu bebê já ter quase um ano de idade. 

Como não conheci outras grávidas, não tive com quem trocar dicas sobre equipe de parto, maternidades, livros, produtos, quartinho, roupinhas. Comprei 100% dos itens do bebê sozinha e online, incluindo o quartinho e tudo nele, sem ajuda de vendedor. Eu morava em apartamento, então passei dois anos fechada sem ver ninguém e como ainda não se sabia que covid pega no ar, raramente ia na rua, sacada ou corredor. Não tinha como conhecer outras mães assim!

Praticamente ninguém me viu grávida. Quando meu bebê nasceu, ninguém foi até a maternidade. Não tivemos rede de apoio. Temos poucas fotos com ele recém nascido. Se estávamos fechados em casa, após o parto ficamos mais ainda, afinal tínhamos um recém nascido e nenhum de nós estava vacinado (o que ainda levou mais 10 meses). Se eu já me sentia sozinha na gravidez, me senti pior ainda após o parto. Não conheci outras mães para conversar e minha amiga grávida morreu. 

Hoje estamos vacinados e moramos em casa em bairro residencial. Frequentamos muitas praças e vemos gente diariamente. Ufa, estamos conseguindo oferecer uma vida mais normal para nosso bebê, bem diferente da que tivemos em 2020 e 2021.

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