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Mãe autista nível moderado


06/jul/2022 | Anielle Casagrande |

Tem muito texto sobre mãe de autista e sobre autista leve, mas esse é o primeiro que eu mesma vejo sobre mãe autista nível moderado. 

Tudo começou quando tive o diagnóstico de depressão perinatal no oitavo mês da gravidez. Mas após o parto as coisas foram ficando cada vez mais estranhas e a psiquiatra começou a desconfiar que tinha mais coisa ali. Infelizmente ela exigia um ano de acompanhamento e mais um mês de avaliações neuropsicológicas para dar um diagnóstico. 

Sem saber o que eu tinha e qual a gravidade, o primeiro ano da vida do meu filho foi com certeza o pior ano das nossas vidas. Meu marido assumiu sozinho todos os cuidados com o bebê, inclusive de madrugada, e eu cuidava “só” da amamentação. Foi assim que a amamentação virou um momento tão especial para nós: era o único momento que eu conseguia me conectar com o bebê. 

Quando o diagnóstico veio, o bebê já tinha quase um ano e foi um momento de grande alívio, que explicou muita coisa. Logo comecei a me tratar: achei uma psiquiatra especialista em autismo adulto e comecei a terapia ocupacional. Mas o melhor do diagnóstico mesmo foi poder entender e respeitar minhas limitações, muitas vezes com ajuda da minha psicóloga. 

Além disso, foi muito importante valorizar as minhas qualidades e parar de focar apenas nas limitações! Foi assim que comecei a escrever textos sobre meu maternar para me lembrar que eu sou muito boa em ler com o bebê, ensinar línguas, fazer bolinhos, brincar com a mangueira no quintal, levar passear e brincar de massinha. Talvez isso tudo seja muito simples para as pessoas comuns, mas para mim exige um grande esforço, que eu faço diariamente. Os livros e passeios na praça viraram nosso grande momento de conexão.

Depois de um ano inteiro sem saber o que eu tinha, sentindo uma grande dificuldade em interagir com o bebê (quando ele ainda tinha apenas o choro como forma de comunicação) e sem conseguir sequer tolerar o som de seu choro, hoje tenho certeza de que sou a melhor mãe que ele poderia ter, mesmo sendo autista nível moderado.

#autismoadulto #maternidadeatipica 


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