Mergulho em mim

Desde que meu bebê nasceu, já faz 18 meses, eu fico sempre muito confusa quando tenho um tempo pra mim (principalmente à noite, quando ele dorme) e fico mais tempo pensando o que fazer com esse tempo do que efetivamente fazendo alguma coisa. Acabo comendo uma banana e indo pra cama mexer no celular até dormir e não fazendo nada de interessante por mim mesma.

É uma cobrança muito estranha essa. “Preciso urgente aproveitar cada minuto sozinha comigo mesma”, é essa a sensação que me persegue desde que ele nasceu, a cada soneca ou sono noturno. Outra sensação que me persegue é a de que preciso agradar um pouco esse meu corpo que passa o dia todo se doando para outra pessoa amamentando, correndo atrás, cuidando, se preocupando, levando pra lá e pra cá. Quem cuida de quem cuida? 

E é por isso que fico sempre na dúvida sobre como aproveitar as horinhas em que ele dorme. Como me agradar um pouco. Como me deixar feliz e relaxada. Esses dias estava percebendo que nem sei mais de que músicas eu gosto: só tinha galinha pintadinha e mundo bita no meu Spotify. Liguei a TV e só tinha conteúdo infantil como sugestão no meu YouTube e Netflix. Tá, mas e eu?

Quem era eu? Quem virei eu? Do que eu gosto mesmo? A gente passa tantas horas se doando pelas crianças 24h e 7 dias por semana que volta e meia precisa fazer um mergulho em si mesmo para se reencontrar. Ah, eu gosto de rock clássico, é mesmo, nem lembrava. Também gosto de tomar banho de banheira e usar sais de banho. Gosto de brócolis com azeite, sal e limão. Gosto de jardinagem. Gosto de usar colares de prata, e não apenas colares mordedores como esse na foto. Adoro ver cnn, mas não vejo desde a gravidez para evitar telas durante o dia e simplesmente perdi o costume. E amo ler algo que não seja sobre dinossauros, mas confesso que até esse hábito estava esquecido por aqui. 

Ufa. Eu ainda estou aqui!  💗