Não sou pedagoga!

Estimule o bebê a rolar! Aprenda a fazer garrafa sensorial com água e purpurina! Faça já sua massinha caseira de açafrão! Receita de tinta natural de espinafre! Monte seu pote sonoro com leguminosas! Compre já o livro especial para bebês da idade X! Monte um móbile para bebês usando apenas galhos e folhas! Não compre nada de plástico! Costure já uma fantasia de jacaré! Não deixe ver TV! Faça seu próprio ovo de Páscoa! Bolacha, só caseira! Crie suas próprias histórias para a hora da leitura! Curso de como estimular o bebê a brincar no chão (juro que vi isso no Instagram e sim é inacreditável)!

Existe uma ideia de que a mãe precisa entreter o tempo todo, estimular o tempo todo, ensinar o tempo todo… além de ser cansativo, nem todo mundo (na verdade uma pequena minoria) está disposta a ficar entretendo criança dia todo com supostos artefatos pedagógicos assim ou assado que parecem ser a única opção “ideal”. Tem mãe que gosta de brincar de massinha, daquela comprada (viva a praticidade!), e está feliz. Tem mãe que não gosta muito de brincar, mas gosta muito de ler livros, cantar e ver TV. Tem mãe que não gosta de nada disso e prefere levar passear. E tem também mãe que gosta de fazer a massinha do zero, a tinta natural do zero, a fantasia de jacaré do zero. Nenhuma delas é melhor ou pior.

Até irem para a escola, local onde terão sim todo um cuidado pedagógico, crianças não precisam de nada em especial além de alguém que cuide delas. Não é necessário estímulos nem brinquedos e brincadeiras especiais. Estar com a família (ou cuidadores) já supre todas as necessidades do bebê. Ficar estimulando a princípio não é uma obrigação da família.

Não deveria sequer existir essa cobrança, uma espécie de competição, sobre ser a melhor mãe. Sem falar que muitas vezes o que chamamos de “melhor mãe” tem a ver com muita rede de apoio e privilégios, o que é bastante injusto. Brinque com seu filho como for melhor para você e para ele, com ou sem a tinta natural de espinafre, o importante é brincar!