Ninguém cuida como eu

Desde que meu bebê nasceu, como eu estava totalmente confusa da cabeça por causa da depressão perinatal e algumas crises de ansiedade, quem assumiu os cuidados com ele foi meu marido. Eu amamentava e cuidava da casa e das refeições. Assim foi por muito tempo, e eu demorei para pegar o jeito com o bebê por causa disso. Só fui conseguir fazer ele dormir com 7 meses. Além de todo quadro depressivo na época, eu tenho autismo grau dois e muita dificuldade com tudo que envolve relações sociais e principalmente identificar emoções.

Como meu marido está acostumado a cuidar dele disse que nasceu, ele parece uma galinha choca quando o assunto é o nosso bebê. Na cabeça dele, ninguém cuida tão bem como ele. Isso te lembra alguma coisa? Veja bem! A maioria das mães passa pela mesma situação e olha com desconfiança para a forma do marido cuidar do bebê, já que ele tem geralmente menos prática. 

O senhor galinha choca fica abismado porque eu deixo o bebê passar o dia de pijama, ou demoro uns minutos para oferecer o café da manhã, ou não troco a fralda assim que ele acorda. Isso gerou atrito, vou confessar. O que ele queria dizer e não teve coragem era: ninguém cuida como eu! Fiquei abalada por muito tempo e me questionando se eu fazia tudo errado e se só o pai sabia cuidar bem dele. Será?

O que acontece é que eu tenho o meu jeito e o meu ritmo de maternar. Gosto de tomar meu café com calma e só depois trocar a fralda e servir o café da manhã dele. Não ligo mesmo que ele passe o dia de pijama. A gente cuida diferente, é verdade, mas no fim o resultado é o mesmo e ele nunca ficou muito tempo de fralda suja ou sentiu fome.

As diferenças entre formas de cuidado sempre irão existir, e isso em toda a nossa vida com os filhos. Resta o casal conversar sobre elas e fazer ajustes para ficar todo mundo feliz e o bebê bem cuidado. E nada de surtar por coisa pequena!