No caminho do diagnóstico

Levei meu bebê com 2 anos e 2 meses a uma psiquiatra infantil a pedido da minha psiquiatra especialista em autismo. Chegando lá, ela disse que ele é autista mas muito bebê para ter o diagnóstico, e me perguntou se eu queria começar já as terapias ou testar ver se ele se desenvolvia indo para a escola. Insatisfeita, levei ele numa neuropediatra dois dias depois.

Essa neuro disse em uma única consulta que ele era autista com certeza e encaminhou para 20h de escola mais 20h de terapia por semana. Eu não queria nem colocar ele na escola, imagine 40h por semana fora de casa. Nem dirigir eu dirijo. Eu entrei em pânico, foi com certeza um dos momentos mais intensos da minha vida. No auge do desespero, resolvemos seguir a indicação da primeira psiquiatra infantil e só colocar na escola por 20h por semana, mesmo contra minha vontade.

O tempo passou e ele foi se desenvolvendo na escola. Logo estava interagindo, falando, brincando, dormindo, aprendendo a esperar e participar das atividades como todas as outras crianças. No começo ele só corria e eu ficava apavorada, sentindo a certeza de que ele era diferente e nunca iria sentar para atividade alguma. Em algumas semanas ele já estava sentando com as outras crianças. Mesmo assim meu coração não se acalmou, afinal as duas médicas falaram que ele era sim autista. 

Em uma nova consulta na psiquiatra infantil ela voltou a repetir que ele é muito novo para fazer a avaliação neuropsicológica ou ter um diagnóstico, e encaminhou para as terapias. Mas diferente da outra médica, ela sugeriu apenas cerca de 2h por semana e não 20h. Sinto que ela está sendo muito cuidadosa com o diagnóstico dele, diferente da outra. 

Mesmo com todo seu incrível desenvolvimento na escola, continuamos preocupados. Ao mesmo tempo, confiamos na psiquiatra infantil e na necessidade de terapias. Entendemos a importância da intervenção precoce para crianças em risco de autismo. 

Entendo que o caminho por médicos e clínicas particulares geralmente é muito mais fácil e rápido que pela saúde pública. Mesmo assim, a angústia nesse percurso é muito desgastante para nós e o emocional fica abalado, afinal são muitas preocupações e dúvidas.