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No trenzinho do teatro (uma reflexão sobre autonomia)


06/jul/2024 | Anielle Casagrande |

Semana retrasada decidimos tirar nosso filho das aulas de teatro na escola, por temermos que ele não conseguiria se virar bem sem a nossa presença ou de sua professora. Também fomos mais cedo para a escola e perguntamos se ele queria ir pra casa ou pra aula de teatro, e ele disse que queria ir pra casa. 

Ontem quando cheguei para pegá-lo na escola, a surpresa: ele havia entrado no “trenzinho do teatro”. Eu nem sabia o que era isso, mas logo descobri, quando passou pelo pátio um longo trem de pitocos de 3 e 4 anos, vestidos com asas, escudos e máscaras, guiados pela professora de teatro. Eu nem sabia que ele sabia fazer “trenzinho”, e nem que ele podia se divertir tanto com isso. No fim o tal do trem deu a volta na escola toda e foi até a sala onde tem a aula de teatro. Como este mês já está pago, deixei ele lá e fui na padaria comprar um pão francês para ele comer depois.

Enquanto estava na fila da padaria, fiquei muito reflexiva. Quando decidi tirá-lo da aula de teatro, simplesmente ignorei que é um momento muito legal para ele e seus amiguinhos. Já começa a diversão no trenzinho, depois tem as fantasias, depois eles imitam bichos e super-heróis. Até que ponto eu estava correta em superprotegê-lo de um possível machucado que nunca sequer aconteceu, privando-o de tanta diversão e socialização? Até que ponto eu posso decidir simplesmente que ele não vai mais entrar no trenzinho junto com seus amigos? É justo oferecer meu colo e perguntar se ele prefere casa ou teatro? 

Cheguei à conclusão que mesmo tendo apenas 3 anos, ele já tem sim sua pequena autonomia. Quando está na escola sem mim, ele sabe que precisa se virar sozinho e pode fazer escolhas. É onde ele pode ser livre para se sujar, brincar disso ou daquilo e muito mais, sem pedir pra mim e sem que eu precise participar. Aliás, essa autonomia é uma das coisas mais legais que as crianças pequenas desenvolvem na escola. E foi assim que ele decidiu sozinho, sem interferência alguma dos adultos, que ele gosta da aula de teatro e quer continuar nela. Até porque sempre começa num divertido “trenzinho”. 


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