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O avô que meu filho não tem


17/fev/2022 | Anielle Casagrande |

Ele era alemão, não falava uma palavra em português, morava lá longe na Alemanha… e mesmo assim, tinha tudo para ser o melhor e mais próximo avô para o meu bebê. Estou falando do Opa (avô, em alemão) Uwe, o marido alemão da minha mãe. Ele infelizmente faleceu bem no comecinho da pandemia, ainda durante a minha gravidez. 

Uwe trabalhava na indústria automotiva como mecânico de precisão e era viciado em tudo que envolvesse aviões e helicópteros, principalmente aeromodelismo. Podia descrever com precisão todos os detalhes de um helicóptero ou avião no céu só de ver. Mas também gostava de falar sem parar sobre isso quando estávamos dentro de um avião. Você percebeu a turbina? Sim, a turbina! Gente, eu nem sabia direito o que era uma turbina até conhecer o Uwe.

No dia em que completei 6 meses de gravidez, recebi aqui no Brasil uma caixa que ele e minha mãe enviaram lá na Alemanha com roupas de bebê pequeninas, caso nascesse antes do esperado. Porém ao receber essa caixa, o bebê que ainda nem tinha nascido já havia perdido o avô carinhoso que enviou 2 kg de roupas para ele. Ele faleceu poucos dias depois de enviar a caixa.

Só resta imaginar as brincadeiras que os dois teriam juntos! Um falando alemão de um lado, o outro respondendo dadada, guiguigui e brumbrum, que é só o que o Nico sabe falar. Pensando bem, a língua não ia ser problema algum, já que o Nico também não fala uma palavra em português.


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