O café da mãe é sempre frio

A verdade é que, pelo menos aqui em casa, o café da mãe é sempre frio. A gente até acha tempo pra passar o café, mas tomar é outra coisa. Hoje mesmo já esquentei 4x o mesmo café só das 6 às 10h. Se eu consegui tomar? Metade de uma xícara pequena, com horas entre cada bicadinha, pra ser sincera. Mas quantas vezes eu resgatei um certo bebê de se pendurar num cabo na tomada? Ah, isso foi bem mais de 4 vezes só das 6 às 7, pode ter certeza.

É café que esfria quando bebê engatinha em disparada na velocidade da luz em rumo à cozinha. É café que esfria quando estamos quase dando um gole mas o bebê resolve mamar. É café que esfria quando o bebê está se esticando para puxar o rabo do cachorro. É café que esfria quando as mãozinhas gordinhas e curiosas querem alcançar o celular. Olha, motivo não falta, eu poderia ficar até amanhã escrevendo.

Como tudo na maternidade, a gente vai se adaptando aqui e ali e no final ainda se surpreende como esse novo dom ao maior estilo camaleão. As noites mal dormidas, a dificuldade de ter um tempinho só pra mim, os almocinhos feitos com carinho que ele recusou sem experimentar (e ninguém do instagram desconfia). No final tudo isso faz parte da grandiosidade de criar um ser-humano. 

Aqui em casa já virou até piada: todo mundo sabe que o café da mãe é sempre frio faz longos 11 meses. E que o coração está inversamente quentinho também.