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O conforto de um mamá


06/jul/2024 | Anielle Casagrande |

Foi numa conversa com a pediatra que eu decidi manter a amamentação pelo menos até a data da cirurgia do meu filho. Já que ele tem dificuldade para se alimentar e não aceita nada líquido ou pastoso, o leite seria muito importante pra ele não sentir mais fome ainda no pós-operatório. Também pensei no conforto que mamar traria para ele, estando com tanta dor e medo por longos dias fechado em casa. Mas o que aconteceu no fim das contas me deixou perplexa. 

Logo após a cirurgia, conforme ele foi acordando, imaginei que ele estaria com muita sede e fome, já que haviam passado mais de 12h de jejum, inclusive de água. Deitei com ele na cama do hospital e ficamos assim, abraçados em silêncio. Logo ele pediu para eu levantar a blusa, mas não quis mamar. Ficou apenas passando a mãozinha,  coisa que ele faz desde que nasceu. Nada mais natural, mas também muito diferente do que eu esperava. 

Voltando para casa ele insistiu em vir no meu colo e mais uma vez quis manter a mãozinha ali. Achei curioso mais uma vez como ele não quis mamar. Chegando em casa o ritual se repetiu todo resto do primeiro dia e também do dia seguinte. Depois percebi que provavelmente ele tinha medo de mamar porque estava com dor, mas não sabia falar isso. “Medo de mamar” não é uma expressão do nosso vocabulário. Também percebi que ele estava se sentindo seguro e calmo porque sabia que o mamá estava ali disponível quando ele quisesse se arriscar.

Quando finalmente resolveu mamar, foi a coisa mais engraçada: ele relaxou tanto que dormiu na hora. Imagino a fome que ele estava sentindo, já que ficou dois dias sem comer nem beber nada. De repente ele mamou, encheu a barriguinha, matou a sede, ficou coladinho em mim, e logo dormiu. No dia seguinte aconteceu a mesma coisa. Não é que o plano de manter a amamentação pelo menos até a cirurgia deu certo? 


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