Olha a mamãe!

Meu bebê ainda tinha menos de dois anos, estava aprendendo a falar suas primeiras palavras, quando viu essa boneca Betty do Toy Story, apontou e disse: mamãe! Na época, essa era uma das poucas palavras que ele sabia dizer, junto com Auau e papai. 

A verdade é que eu fiquei incrédula. Sabe como é, a gente leva meses pra ir se aceitando e naquela época eu me aceitava muito menos que hoje. Olhei a boneca e confesso que não me reconheci. Ela era linda, magra, loira, com belos olhos azuis, nariz fino, peito pequeno, maquiagem e sobrancelha feita. O que o bebê viu de mim nela? Nem consigo usar cinto, de tão grande que é minha barriga. Melhor nem falar sobre a cintura da boneca!

A primeira coisa que me tocou foi a visão do bebê sobre mim. A boneca era linda, e eu ando me sentindo tão pra baixo. Confesso que faria mais sentido ele me comparar a um dinossauro gordinho e baixinho. De qualquer forma, a imagem do bebê sobre mim é outra. Ele com certeza não se importa que eu esteja fora de forma, nem com a sobrancelha e o cabelo sem cuidado algum há muito tempo. 

A segunda coisa que percebi é que eu não sou feia coisa nenhuma. Mas é difícil pra mim voltar a ser a pessoa que eu era antes de ser mãe, se não impossível. Já sei que a barriguinha, a flacidez e as estrias não vão embora. No fundo ainda sou parcialmente a mesma pessoa, mesmo que tão diferente aqui e ali. Nada que um corte de cabelo e um tempinho pra cuidar das unhas não ajudem. Coisas simples, mas que demandam tempo e saco. 

Tenho certeza que o bebê não se importa com nada disso e na cabecinha dele eu tenho colo, leite, beijos, abraços e muita paciência e isso deve bastar. Para ele eu sou completa e perfeita.