Papai, olha meu desenho!

Fomos pegar o bebê na escola e logo antes de sairmos a professora comentou que ele fez um desenho muito bonito para a surpresa de dia dos pais, que será entregue em dois dias na saída da aula. Logo que ela disse isso ele ficou muito animado dizendo: papai, eu quero te mostrar meu desenho. 

Como o desenho era parte da surpresa de dia dos pais, meu marido tentou distrair ele pela escola e levá-lo para o carro contra sua vontade. Ele se debatia, chorava e gritava que precisava mostrar o desenho que fez de tarde. Meu marido teimando que não queria ver porque era pra ser surpresa. Resolvi me intrometer e disse que o bem estar dele era mais importante que qualquer surpresa. Decidi levá-lo à sala de aula para todos vermos o tal desenho e ele ficar mais calmo.

Meu marido seguiu insistindo que não podia ver o desenho antes de sexta-feira, que era surpresa, que ele precisava aprender o que são surpresas em algum momento da vida. Olha, eu até poderia concordar, mas não concordo: ele ainda é muito bebê e essa surpresa não é importante. Ver o desenho hoje ou depois de amanhã não faz uma grande diferença. Acho que ele ainda vai ter outras oportunidades para aprender o que são surpresas, como natal e aniversário, que não envolvam ele triste sem entender que não querermos ver seu desenho.

Pegamos ele no colo e fomos até a sala. Ele mostrou orgulhoso seu desenho. Não era qualquer desenho: ele havia pintado uma tela de pintura pela primeira vez. O desenho era lindo e colorido, e tinha o neném, a mamãe e o papai. Eu desenhei pra você, ele disse para meu marido, mesmo sem entender o que é ou quando é o dia dos pais. Na cabecinha dele o papai precisava ver seu desenho logo, porque era especial e ele tinha passado a tarde fazendo. 

E assim a gente vai equilibrando a vida com bebê. Uma surpresa a menos aqui, uma acolhida carinhosa ali.