Pequeno raio de sol

Logo que meu filho demonstrou interesse em pão francês, passei a ir diariamente na padaria com ele depois da escola. Chegando lá é sempre uma festa: ele chega correndo e cantando, dá oi para todos, pede para olhar as opções de sorvete, arranca sorrisos de todos os funcionários e de todos na fila. Ah sim, ele também dá oi para todos e pede no balcão: “quatro pão”. O ambiente, geralmente tão silencioso e parado, fica animado na hora. Quando ele chega, todos comentam “o Nicolas chegou! Oi Nicolas!” Num desses dias, concluí que ele parece um pequeno raio de sol. 

Dá trabalho, deixa a gente morto de cansaço, mas também é nosso raio de sol. Está sempre rindo e cantando, mesmo quando está doente. Gosta de correr e explorar também. Não come nada, mas mesmo assim quer ver tudo. Brinca de falar as cores de tudo, gosta de vir no colo para enxergar melhor, e agora por último anda desfilando por aí com um pé de tênis de cada cor, igual ao Gato Pete. 

Deixamos ele sempre livre para explorar. Cada ida ao mercado é uma aventura: ele não anda do nosso lado, nem dá a mão, nem entra no carrinho por nada nesse mundo. Gosta mesmo de olhar tudo de perto, meu pequeno detetive. A gente já desistiu de tentar doutrinar e aceitou que ele é assim e pronto, a gente que lute. Mesmo sendo extremamente cansativo, também acho lindo como ele é sempre tão curioso e criativo. 

Passeio no shopping então, sai da frente, que chegou o furacão. É urgente para ele olhar tudo, brincar muito, correr com outras crianças, explorar as lojas, empilhar sabonetes. Enquanto a maioria das pessoas solta um sorriso para ele e acha a maior fofura, sempre tem também os mal amados que criticam como ele é elétrico e barulhento. Sim, mal amados, porque estamos falando de uma criança de dois anos, ainda descobrindo o mundo e brincando. 

Espero sinceramente que ele nunca deixe de ser essa pessoa curiosa, ativa e feliz. Meu pequeno raio de sol.