Quando a mãe é autista

Logo que tive meu diagnóstico comecei a procurar pessoas e grupos para falar sobre mães autistas como eu. Qual não foi minha surpresa ao constatar que não achei nada? Sem falar que quando falamos de maternidade atípica geralmente só encontramos conteúdo sobre mães de autistas, e nada sobre mães autistas. 

Aos poucos e através de indicações no Instagram, fui conhecendo outras mães autistas e parei de me sentir tão sozinha e deslocada. Algumas, como eu, não conseguem dirigir. Outras, também como eu, não conseguem trabalhar fora de casa. Outras precisam de mais ou de menos suporte que eu. Conheci algumas que como eu se julgavam péssimas mães até entenderem suas limitações. Conheci até uma mãe que como eu tinha dificuldade para cuidar do bebê e usava listas para absolutamente tudo e até o despertador no celular para não esquecer de trocar fralda, amamentar, dar banho. Ótima ideia já que o nosso “instinto materno” aparentemente veio quebrado de fábrica, não é mesmo? 

Uma coisa que todas têm em comum é estar sempre tentando dar o seu melhor. Enquanto eu vejo mães típicas que acham tudo bem gritar e bater nos filhos, o que eu mais vejo nas mães atípicas é um desejo de ser a melhor mãe possível. Não falo de uma cobrança ruim e sim de uma vontade de ser uma boa mãe, que brinca, escuta, lembra de oferecer as refeições e de dar as vitaminas. Parece que estamos sempre correndo atrás de mostrar que somos capazes, que podemos ser boas. 

No fim não importa muito o nível do autismo, ou se a mãe consegue dirigir ou cozinhar ou brincar por horas no chão. Não importa também se precisa de listas para tudo e despertador para absolutamente tudo nos cuidados com o bebê, como eu já precisei. O importante é que somos mães, somos autistas, e estamos aqui para contar que somos diferentes, temos nossas limitações, mas estamos sempre fazendo o melhor por nossos filhos. Existimos e resistimos em um mundo que não está pronto para nós. E vamos em frente!