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Que você seja gentil


03/mar/2023 | Anielle Casagrande |

Estávamos com o bebê hoje numa piscina de bolinhas gigante dessas de shopping quando outra criança maior se aproximou e empurrou, estapeou e bateu nele. Ele nunca tinha apanhado na vida, então ficou confuso e pensou que era uma brincadeira e começou a rir e querer brincar. Meu coração partiu em mil pedacinhos porque segundos antes eu tinha deixado ele sozinho dentro do brinquedo. Na verdade eu nem pretendia entrar lá, então fiquei pensando se ele apanhou mais antes de eu entrar e se apanharia mais caso eu não estivesse lá dentro. 

Comentei com meu marido que Nicolas estava apanhando e a mãe da criança viu e não fez nada. Ele me proibiu de falar qualquer coisa para não virar uma briga, então ficamos ali quietos e segurando o bebê chorando, para não chegar perto da criança. O coração a mil. Uma sensação horrível que não desejo pra ninguém. Eu tinha certeza que a mãe viu seu filho bater três vezes no meu. 

Pensei que talvez a criança seja autista ou tenha alguma coisa. Pensei que meu filho pode no decorrer dos meses ou anos também virar a criança que bate nas outras no parquinho. Pensei que ela devia estar cansada de falar para ele não bater nos outros. Nada disso muda a minha opinião que a mãe tem que falar pra essa criança que bater não pode e pedir desculpas pra quem apanhou. O silêncio dela me irritou profundamente.

Logo em seguida flagramos a criança batendo em outro bebê, mas o pai viu e reclamou com a mulher, diferente de nós. A mulher não disse nada nem para o pai, nem para o bebê, nem para seu filho, apesar de eu ter me assegurado que ela não era surda, nem muda e entendia muito bem o português. Simplesmente pegou a criança e foi embora contrariada. A paz voltou e Nicolas brincou por uma hora sem parar (e sem apanhar). 

Cheguei à conclusão que não espero que meu filho seja médico, engenheiro, advogado, poliglota nem nada disso. Só desejo, apesar de todas as nossas limitações sociais e explosões emocionais como autistas, que ele seja gentil. Que eu possa sempre guiá-lo para virar um menino e um homem gentil. É isso.


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