Quem tem medo de recém-nascido?

Tentei amenizar o título com outra palavra e não teve jeito. Só “medo” define perfeitamente o que senti enquanto meu bebê era recém-nascido. Na verdade, até ele ter vários meses, e não só enquanto era recém-nascido, eu sentia muitos medos ao cuidar dele. Será que eu estou fazendo isso certo? Será que está com fome? Será que está com calor? Será que ele dormiu o suficiente? Será que ele vai dormir melhor essa noite? E eu?

O recém nascido chega “do nada” como uma grande surpresa e bagunça toda nossa vida. De repente a gente se vê cozinhando correndo um miojo com ovo e comendo em pé embalando o carrinho de bebê no meio da cozinha. Não tem preparo durante a gravidez e nem chuva de palpite – bons e ruins – que te prepare para a chegada do bebê. Falo com propriedade: frequento uma psicóloga perinatal (especialista em gravidez e bebês) desde o oitavo mês de gravidez e mesmo assim o baque foi forte. 

Aquele serzinho minúsculo que só mama e dorme tem um potencial assustador gigante. Tudo me assustava. Sentia medo de falhar de formas que nunca pensei na vida. Sentia insegurança, frustração, e até raiva de mim mesma. Segurava no colo o amor da minha vida e ao mesmo tempo sentia o coração apertadinho de tanto medo. Eu e meu marido éramos os únicos responsáveis por mantê-lo vivo, limpo, alimentado e saudável. E claro, vacinado: pra nós a primeira vacina, no postinho geralmente cheio (pois no centro da cidade) do lado de casa, no meio de uma pandemia e ainda sem vacina, foi um dos momentos mais aterrorizantes do primeiro mês de vida do nosso bebê.

Com o passar das semanas a amamentação vai se estabelecendo, o sono vai entrando lentamente num padrão, os banhos ficam mais práticos, as consultas mensais com pediatra vão ajudando a tirar dúvidas e diminuir os medos… e principalmente, com o tempo a gente vai aos poucos conhecendo o nosso bebê. Aquele que chegou como um desconhecido logo mostra suas vontades e preferências e assim vamos ficando cada vez mais íntimos!