Seu nome é Nicolas mizanzuk
04/mar/2023 | |
Queríamos um nome que nós dois gostássemos e fosse fácil de escrever. Também tínhamos uma preocupação incomum: precisávamos que fosse um nome global. Como os avós moram na Europa, e eu mesma ia todo ano para a Alemanha antes de ser mãe e da pandemia, tinha que ser um nome comum no Brasil e lá. Na época eu estava enrolada fazendo minha cidadania italiana e tentando dar entrada da polonesa do meu marido, quando me deparei com a história do Nikola.
Nikola Miesczanczuk foi o bisavô do meu marido que deixou tudo para trás na Polônia e veio tentar a vida com a mulher e os filhos no Brasil. A filha mais velha, que veio da Polônia, ainda está viva. Logo a esposa morreu e ele casou novamente com outra polaca e teve um bebê, que é o avô do meu marido, João Miesczanczuk, que resgitrou os filhos com o sobrenome Mizanzuk porque ninguém sabia escrever o nome polaco no Brasil. Como ele também casou com uma polaca, meu sogro é 100% polaco.
Localizamos fotos e documentos de Nikola, incluindo algumas cartas em ucraniano que contam sua história. Também coletamos histórias com suas filhas que vieram com ele da Polônia e dos netos. Temos até uma gravação de uma longa conversa presencial com sua filha Walentyna, que decidiu nunca se naturalizar brasileira e nasceu e morreu polaca. Curiosidade: a escrita original polaca também aparece como Nikolai ou Mikolaj; mas no Brasil ele virou Nicolau.
Nikola foi um polaco muito corajoso, que deixou sua família para trás e veio tentar a vida no Brasil no período entre guerras. Ele sabia que nunca mais veria seus pais, irmãos, tios. E não sabia o que encontraria no Brasil, nem que perderia sua esposa chegando aqui. Foi a coragem dele que nos levou a dar seu nome para nosso bebê, mas uma versão ainda mais brasileira e global: Nicolas Mizanzuk.
*A cidade de Nikola era na verdade ucraniana e hoje é na Ucrânia. Mas como a cidade é na divisa com a Polônia, na época da viagem para o Brasil, ela estava sob domínio polaco. Por isso ele é considerado legalmente polaco. Temos contato com a família até hoje, eles continuam na Ucrânia.