Últimos dias em casa

Ontem vi no instagram o story de uma mãe agarradinha no seu filho de 3 anos na cama à tarde, escrito que ela estava feliz porque ele ainda não vai pra escola. Ela faz home office. Um baita privilégio ter essa opção e poder postar isso no meio da tarde. Por mim, a gente também esperaria mais um ano. Mas as coisas mudaram e agora ele tem um diagnóstico de autismo e uma psiquiatra e uma neurologista que orientaram que ele vá para a escola.

Nicolas já foi pra escola no passado, então eu já sei o que esperar da adaptação, da escola e das professoras. Já sei que pode ser difícil pra mim nos primeiros dias, mas que pra ele vai ser só diversão. Nicolas fica meio travado com outras crianças no começo porque é um bebê de pandemia e está um ano em casa, mas tenho certeza que ele vai adorar ter com quem brincar todos os dias. Estou tranquila sobre ele.

O problema sou eu, que vou ficar em casa sem ele. Estou cheia de coisas pra ler e estudar da minha pós, em abril começa meu tcc, mas saber que ele não estará em casa com certeza vai mexer comigo. Vou olhar o sol lá fora, sua piscininha vazia, e chorar igual uma louca entre uma leitura para o tcc e outra. Vou ver suas maçãs na cozinha e me perguntar se teve maçã na escolinha hoje. Vai dar 15h, vou lembrar da gente abraçadinho na sua cama, ele mamando pra dormir, eu escrevendo esses textos no celular.

Eu sei que vai ser ótimo pra mim e pra ele. Eu sei que ele está crescendo. Eu sei que ele precisa da escola. Mas não posso negar que sentirei saudades de estar grudada nele o dia todo. Acho que achei a palavra perfeita, é saudades mesmo. O jeito agora é aproveitar os últimos dias dele em casa e pensar que toda criança uma hora vai para a escola. É o começo de um novo capítulo nas nossas vidas, que vai durar pelo menos uns 20 anos: Nicolas estudante. 

Lembrarei para sempre com saudades dos 2 anos em que ele esteve comigo em casa, fazia soneca mamando abraçado, comia maçãs e brincava na piscininha durante a tarde. Que venham os fins de semana.