Um segundo filho autista
25/abr/2023 | |
No mesmo dia que recebemos o diagnóstico no nosso bebê, perguntamos para a neuropediatra quais as chances de ter um segundo filho autista e ela nos sugeriu fazer um mapeamento genético de 8 mil reais por pessoa. Ela também olhou fundo nos meus olhos e disse que não aconselha um segundo filho autista, porque já teremos muito trabalho indo e vindo das terapias, brigando com a escola, com o plano de saúde, com profissionais de saúde e com a sociedade.
Desde então a gente ficou meio abalado com essa fala e com esse assunto. Não estávamos ainda falando sobre um segundo filho, mas era assim um assunto que logo ia surgir, com o Nicolas dormindo melhor e indo pra escola. Confesso que mesmo sabendo que ele é como eu, estaria disposta a ter mais um. Afinal, meio que já sabemos o que esperar e dessa vez estaríamos mais preparados.
Esse debate todo ainda está muito atrelado a falas capacitistas e até eugenistas, não precisa me avisar. Mesmo assim, consigo entender a preocupação da médica, já que ela vê no dia a dia famílias lutando muito pelo bem estar de seus filhos. Segundo ela, o mais comum é a mãe largar o emprego só pra ficar levando o filho às mil e uma terapias e à escola. Acaba pesando só para um lado sempre. Não é justo mesmo.
Mas entendo também que cada família é única e esse debate é íntimo e privado. Se estamos dispostos a ter outro filho, e ele for autista, quem vai precisar dar uns pulos aqui e ali para bancar e cuidar seremos nós. Então no fundo o povo pode opinar a vontade, que na real essa sempre será uma escolha individual de cada casal. Complicado? Bastante.