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Você senta nos assentos preferenciais? #polêmica


19/fev/2016 | Anielle Casagrande | #

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Fiquei chocada com muita coisa que vi neste último ano em relação aos assentos preferenciais em ônibus. Posso afirmar que em TODAS as viagens que fiz até hoje percebi pessoas que não pareciam doentes, nem idosas, nem grávidas usando os assentos preferenciais. Já andei reclamando disso e sempre escuto que os assentos são apenas preferenciais, e não exclusivos. Ironicamente vejo todos os dias MUITAS pessoas usando estes assentos como se para eles fosse exclusivo: ao verem idosos e pessoas com crianças de colo se aproximando, simplesmente fitam o exterior pela janela, desviando o olhar. A impressão que passa é que eles são muito especiais e merecem os assentos mais que qualquer outra pessoa naquele ônibus. Curioso.

Outra questão levantada é que os idosos, deficientes e gestantes sentam nos assentos comuns e não deveriam, já que têm os preferenciais para eles. Mas vejam bem, o idoso, deficiente e a gestante podem sim sentar onde preferirem, até porque eles são mais frágeis e devem sentar onde conseguirem ou acharem melhor para si. Já você pode se locomover com facilidade, mudar de lugar e viajar a pé se for necessário, que nada vai te acontecer.

A história do bêbado sincero

Após meses de agonia e vontade de fazer algo, peguei um ônibus lotado às 18h rumo ao centro da cidade e fiquei próxima dos assentos preferenciais. Como sempre começou o festival de pessoas aparentemente comuns usando os assentos sem se preocupar com as pessoas realmente necessitadas de pé ao redor. Mas neste dia surgiu um homem totalmente bêbado que se aproximou e começou a questionar estas pessoas. No início todos ficamos assustados, especialmente porque o homem fedia cachaça e mal parava em pé. “Por que você está sentada aqui? Você está grávida?” ele perguntou para uma moça, que levantou-se, muda, e foi para longe.

“Você não parece idoso nem deficiente, moço. Por que você sentou aqui? Viu que tem idosos de pé, mas veio correndo sentar porque sabe que anda mais rápido que um velhinho?” ele disparou para um rapaz, que também levantou sem responder. As pessoas pareciam cães com o rabo entre as pernas, totalmente envergonhadas. O olhar delas deixou claro que elas tinham noção do que estavam fazendo naqueles assentos, inertes, apesar dos idosos em pé ao lado. Já os demais, olhávamos incrédulos e com um sorriso tímido no rosto. PUXA!

Assim, de uma em uma, ele foi questionando as pessoas sentadas nestes assentos. Percebam que ele não expulsou ninguém e apesar de estar bêbado, fedido, vermelho e rouco, ele não insultou ninguém e apenas disse o que todos queriam dizer, mas não tinham coragem. Foi emocionante presenciar um pouco de lucidez no meio disso tudo! O mais legal foi que assim os idosos puderam sentar finalmente e de certa forma foi o bêbado proporcionou isto!

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A história da mãe que desistiu de viajar sentada

Outra história que me deixou de cabelos em pé foi um mês atrás, quando o ônibus estava muito lotado, novamente às 18h sentido centro. Uma mulher entrou com um bebê, totalmente exausta. Sem achar lugar para sentar, simplesmente sentou no chão. Estava tão cansada que esticou uma blusa e deitou o bebê ali mesmo no chão. Ninguém fez nada. Repito, ninguém. As pessoas viravam os olhares para a janela ou para seu celular, para evitar encarar a cena que elas mesmas haviam causado.

Fiquei inquieta e comentei com a pessoa do meu lado que estava chocada e ia ceder meu lugar, que era um assento comum. Nisso ele disse que eu podia ficar, que ele iria ceder o seu. Mas quando ele levantou para chamar a moça, vi que ele era deficiente e não tinha força nas mãos. Vendo isso, cedi meu lugar e fiquei de pé ouvindo a conversa deles. “Por que você não pede o lugar?” ele perguntou. Ela contou o que já sabíamos: quando você pede o lugar, a maioria das pessoas simplesmente finge que não ouviu e olha pro outro lado. O deficiente concordou e disse que acontecia quase sempre o mesmo com ele, por isso ele nem tentava pegar um lugar preferencial. Ela contou que invés de ficar esperando alguém se tocar, já acostumou a deitar o bebê no chão mesmo. “Assim pelo menos ele descansa um pouco e eu também”.

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